Confira a entrevista:
Campos
24 Horas – Durante todo esse período, muitas indagações foram feitas
sobre o tratamento ideal do TDAH. Como a senhora orienta aos leitores a
respeito disso?
Andressa Amaral -
Olá, mais uma vez é um enorme prazer estar aqui, e hoje em especial, em
meu local de trabalho, finalizando um série de reportagens que me
rendeu conhecer pessoas muito especiais, responder perguntas, ajudar com
meus conhecimentos, o que certamente foi a maior recompensa desta série
de reportagens.
Mas, em relação ao questionamento, posso dizer que não há melhor
tratamento à criança e adolescente portadora de TDAH (transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade) do que um acompanhamento através de
uma equipe multidisciplinar.
C24H - E o que é de fato esta equipe multidisciplinar e porque esta ajuda tanto no tratamento?
Andressa -
A equipe multidisciplinar é um grupo de profissionais, geralmente
composto de neuropsicopedagogos, psicólogos, psicopedagogos,
fonoauliólogos, fisioterapeutas, neurologistas, psiquiatras,
nutricionistas, educadores, arteterapeutas, que atuam em conjunto no
diagnóstico e tratamento do TDAH.
O trabalho em equipe é fundamental, porque o transtorno além de ser
neurobiológico, ou seja, nasce com o indivíduo, seus sintomas atingem
várias esferas do comportamento humano, tais como: aprendizagem
(geralmente o mais afetado), personalidade, alimentação, equilíbrio,
concentração e outros. Por este motivo, apenas um profissional não
consegue sozinho, resolver o problema, desde o diagnóstico, até o
tratamento.
C24H - E
por falar em diagnóstico, suponhamos que meu filho apresente sintomas
de uma criança TDAH, como falamos em outras reportagens (hiperatividade,
falta de concentração, inquietude e outros), como é feito esse
diagnóstico?
Andressa -
Em relação a essa questão, é preciso que os pais tomem muito cuidado
pela opção inicial da busca, pois muitas vezes, na ansiedade de uma
resposta para o problema, buscamos enquanto pais, aflitos mediante a
situação, o que é totalmente compreensível, solução imediata para o
problema, o que não há.
O diagnóstico de TDAH, não deve e não pode ocorrer em apenas uma
visita ao profissional, seja ele qual for, é necessário que sejam feitas
algumas baterias de testes avaliativos, entrevistas familiares e com a
criança, provas operacionais, exames rotineiros para eliminar outras
possíveis causas da desatenção, e outras investigações paralelas, o que
geralmente leva de 03 à 06 meses.
É muito importante que as famílias entendam a importância de um
diagnóstico preciso para um tratamento eficaz. Não adianta uma resposta
imediata que possa trazer comprometimentos para a criança no futuro.
C24H - Então, qual o primeiro passo devo seguir? Em que profissional devo levá-lo?
Andressa -
O indicado nestes casos, é que, pelo fato do transtorno afetar
diretamente questões relativas à aprendizagem, os familiares procurem
primeiramente um psicopedagogo ou neuropsicopedagogo. São estes os
profissionais indicados ao primeiro contato com o problema.
A partir daí, estes deverão proceder com uma série de avaliações, e,
após, levantadas as hipóteses, pois como falei anteriormente, o
diagnóstico não deve ser definido por um único profissional, é preciso
que sejam feitos encaminhamentos para outros profissionais, para que,
cada um em sua especialidade, busque confirmar as hipóteses levantadas
pelo profissional citado.
Só, ai, depois de feitos todos os procedimentos indicados, testes,
entrevistas, provas operativas, exames de rotina, é que se indica que a
criança ou adolescente sejam conduzidos ao neurologista ou psiquiatra,
visto que estes profissionais se estiverem alicerçados de informações
técnicas, poderão, com precisão, dar parecer acerca do diagnóstico.
Somente após este protocolo é que o tratamento e acompanhamento com a equipe multidisciplinar deve ser iniciado.
C24H - E quais os tipos de tratamentos podem ser feito para crianças que possuem TDAH?
Andressa -
Na verdade existem vários tipos de procedimentos que podem ser
adotados. Isso vai depender do quadro do paciente. Existem crianças
que precisam de fato, da intervenção medicamentosa, que por si só,
também não resolve o problema como falei anteriormente, além de ser
perigosa se prescrita indiscriminadamente, sem um diagnóstico preciso.
C24H - Impressionante como existem vários recursos para o tratamento de crianças e adolescentes com TDAH. Mas, acima a senhora menciona alguns que nos chama atenção, como por exemplo, a arteterapia, fisioterapia funcional e medicina ortomolecular. Fale um pouco sobre estas técnicas.
Andressa -
Bom, na verdade, todas são técnicas que trabalhadas de forma isolada,
ou ainda trabalhada de forma indiscriminada, não garantem resultados
satisfatórios. Como te falei anteriormente, é um trabalho, que para ser
de excelência tem que ser multidisciplinar.
A fisioterapia funcional, principalmente o pilates e outras técnicas
que podem ser trabalhadas em salas de recursos auxiliam muito no
tratamento, pois são atividades que atuam nas habilidades psicomotoras
do paciente que geralmente são afetadas pelo transtorno, além de atuar
diretamente no equilíbrio e concentração que são grandes problemas de
crianças portadoras do TDAH. Há muitos resultados surpreendentes de
pacientes que fazem este tipo de acompanhamento, pois a própria
atividade ativa a produção de dopamina e noroadrenalina através dos
estímulos utilizados, e por muitas vezes, ajudam na redução ou até mesmo
exclusão de procedimentos medicamentosos.
Em relação à medicina ortomolecular, esta tem trazido contribuições
surpreendentes no acompanhamento multidisciplinar de portadores de
TDAH. A medicina ortomolecular busca entender, quais são as reais
deficiências do organismo e repor, através de intervenção medicamentosa
natural, estes componentes que por algumas razões estão ausentes ou
hipossuficientes. Estas reposições também ocorrem através de orientação
alimentar, feita pelo próprio profissional, além de mudança de hábitos
diários que auxiliam muito no tratamento.
C24H - Quanto tempo dura, em média, um tratamento com crianças que possuem TDAH?
Andressa -
Não há como precisar um tempo, mas posso dizer que não é um tratamento
rápido, pois, como falei anteriormente, só o diagnóstico, leva em média,
de três a seis meses. Fica um alerta aos pais: ao buscarem ajuda
profissional, nunca aceitem em uma primeira consulta a certeza de um
diagnóstico, pois é muito provável que possa haver precipitação e
consequentemente erro no tratamento.
Mas, voltando à questão, após diagnosticada, há um longo caminho a
seguir, é preciso iniciar as terapias, de acordo com o plano de ação
elaborado pelo profissional de acompanhamento, em paralelo com toda
equipe envolvida. Existem crianças que respondem de forma rápida ao
tratamento, outras já levam mais tempo. Mas o que posso dizer, é que o
foco da equipe de acompanhamento multidisciplinar, orientada pelo
psicopedagogo ou neuropsicopedagogo deve ser a condução do paciente a
sua autonomia, ou seja, fazer com que ele, por si só, após algum tempo,
consiga conviver normalmente com o transtorno.
C24H – E esse tratamento, tem um fim em si mesmo?
Andressa -
Geralmente sim. Existe um código de ética que deve ser seguido pelos
profissionais. Além disso, como falei em reportagens anteriores, o
diagnóstico feito o quão precoce a idade do paciente, mais eficaz o
tratamento. Desta forma, os profissionais devem entender que a
obrigação da equipe é desenvolver a capacidade no indivíduo de ter
autonomia, pois geralmente, como o transtorno é diagnosticado na
infância, a criança ainda é dependente, frequenta a escola, tem pessoas
ao seu redor para auxiliá-la, mas e amanhã? Quando tiverem que enfrentar
um mercado de trabalho, onde não haverá este trabalho diferenciado,
pois o transtorno não é uma deficiência propriamente, e sim uma
personalidade diferenciada que o indivíduo possui..
C24H - Para
finalizarmos esta série de reportagens que muito contribuíram para
famílias que vivem esta realidade de crianças com TDAH, gostaríamos que a
Sra deixasse uma mensagem, assim como os contatos para que os
interessados pudessem procurar ajuda.
Andressa -
O que deixo como mensagem é que o amor é a senha do sucesso. Portanto,
pais, familiares, profissionais educadores, profissionais da saúde, que
são atuantes diretos na questão do TDAH, é preciso que o que façamos,
não importa a circunstância, condição ou diplomação, que façamos com
amor.
Por isso, pais, amem incondicionalmente seus filhos independente de
serem TDAH, é apenas algo ínfimo comparado ao amor materno e paterno.
Profissionais educadores, façam do amor o principal condutor de suas
ações, olhem a todos como se fossem únicos, especiais em si mesmos,
tenham todos os seus educandos, sejam eles especiais, TDAH, ou
simplesmente normais, como presentes que engrandecem os seus dias.
Profissionais da saúde e áreas afins, busquem na ética a melhor
conduta, suplantem a pressa, o imediatismo, pela precisão, atuem pondo a
frente todos os conhecimentos adquiridos na academia, diagnostiquem com
a experiência e mediquem com amor.
Bom, esta é a mensagem que deixo a todos, e informo que estaremos em
próximas matérias discutindo outros assuntos como: AUTISMO, TRANSTORNO
BI POLAR, BULLING, DROGAS NA ADOLESCÊNCIA E OUTROS.
FONTE:Campos24horas
















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