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terça-feira, 7 de abril de 2015

SAÚDE - Como tratar crianças com déficit de atenção

20150403_092926Nesta última edição de nossa série de reportagens sobre TDAH, com a neurospicopedagoga Andressa Amaral, o Campos 24 Horas foi ao seu consultório e fez indagações que a maioria dos leitores vêm fazendo durante este período: Qual é o tratamento mais indicado a crianças e adolescentes que possuem dificuldade ou transtorno de aprendizagem e hiperatividade (TDAH), que será o tema desta edição.
Confira a entrevista:
Campos 24 Horas – Durante todo esse período, muitas indagações foram feitas sobre o tratamento ideal do TDAH.  Como a senhora orienta aos leitores a respeito disso?
Andressa Amaral - Olá, mais uma vez é um enorme prazer estar aqui, e hoje em especial, em meu local de trabalho, finalizando um série de reportagens que me rendeu conhecer pessoas muito especiais, responder perguntas, ajudar com meus conhecimentos, o que certamente foi a maior recompensa desta série de reportagens.
Mas, em relação ao questionamento, posso dizer que não há melhor tratamento à criança e adolescente portadora de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) do que um acompanhamento através de uma equipe multidisciplinar.
C24H - E o que é de fato esta equipe multidisciplinar e porque esta ajuda tanto no tratamento?
Andressa - A equipe multidisciplinar é um grupo de profissionais, geralmente composto de neuropsicopedagogos, psicólogos, psicopedagogos, fonoauliólogos, fisioterapeutas, neurologistas, psiquiatras, nutricionistas, educadores, arteterapeutas, que atuam em conjunto no diagnóstico e tratamento do TDAH.
O trabalho em equipe é fundamental, porque o transtorno além de ser neurobiológico, ou seja, nasce com o indivíduo, seus sintomas atingem várias esferas do comportamento humano, tais como: aprendizagem (geralmente o mais afetado), personalidade, alimentação, equilíbrio, concentração e outros.  Por este motivo, apenas um profissional não consegue sozinho, resolver o problema, desde o diagnóstico, até o tratamento.
C24H - E por falar em diagnóstico, suponhamos que meu filho apresente sintomas de uma criança TDAH, como falamos em outras reportagens (hiperatividade, falta de concentração, inquietude e outros), como é feito esse diagnóstico?
Andressa - Em relação a essa questão, é preciso que os pais tomem muito cuidado pela opção inicial da busca, pois muitas vezes, na ansiedade de uma resposta para o problema, buscamos enquanto pais, aflitos mediante a situação, o que é totalmente compreensível, solução imediata para o problema, o que não há.
O diagnóstico de TDAH, não deve e não pode ocorrer em apenas uma visita ao profissional, seja ele qual for, é necessário que sejam feitas algumas baterias de testes avaliativos, entrevistas familiares e com a criança, provas operacionais, exames rotineiros para eliminar outras possíveis causas da desatenção, e outras investigações paralelas, o que geralmente leva de 03 à 06 meses.
É muito importante que as famílias entendam a importância de um diagnóstico preciso para um tratamento eficaz.  Não adianta uma resposta imediata que possa trazer comprometimentos para a criança no futuro.
C24H - Então, qual o primeiro passo devo seguir? Em que profissional devo levá-lo?
Andressa - O indicado nestes casos, é que, pelo fato do transtorno afetar diretamente questões relativas à aprendizagem, os familiares procurem primeiramente um psicopedagogo ou neuropsicopedagogo.  São estes os profissionais indicados ao primeiro contato com o problema.
A partir daí, estes deverão proceder com uma série de avaliações, e, após, levantadas as hipóteses, pois como falei anteriormente, o diagnóstico não deve ser definido por um único profissional, é preciso que sejam feitos encaminhamentos para outros profissionais, para que, cada um em sua especialidade, busque confirmar as hipóteses levantadas pelo profissional citado.
Só, ai, depois de feitos todos os procedimentos indicados, testes, entrevistas, provas operativas, exames de rotina, é que se indica que a criança ou adolescente sejam conduzidos ao neurologista ou psiquiatra, visto que estes profissionais se estiverem alicerçados de informações técnicas, poderão, com precisão, dar parecer acerca do diagnóstico.
Somente após este protocolo é que o tratamento e acompanhamento com a equipe multidisciplinar deve ser iniciado.
C24H - E quais os tipos de tratamentos podem ser feito para crianças que possuem TDAH?
Andressa - Na verdade existem vários tipos de procedimentos que podem ser adotados.  Isso vai depender do quadro do paciente.  Existem crianças que precisam de fato, da intervenção medicamentosa, que por si só, também não resolve o problema como falei anteriormente, além de ser perigosa se prescrita indiscriminadamente, sem um diagnóstico preciso.
20150403_094105Em linhas gerais, independente do uso ou não de medicação, é muito importante a terapia interacionista, geralmente feita com profissionais especializados em Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia Clínica, que busca extrair da criança as reais dificuldades que a mesma possui em relação à aprendizagem, e fazer com que esta criança, com o tempo, consiga lidar com suas limitações e desenvolver técnicas que lhes faça aprender a aprender.  Ainda há conhecida TCC – terapia cognitiva comportamental, feita por psicólogos especializados, e que é de suma importância na complementação do tratamento, pois irá focar os hábitos que tanto a família como o paciente deverão adquirir neste novo momento para o sucesso de seu quadro, dentre outras alternativas que ajudam muito no tratamento, como a arteterapia, a fisioterapia funcional, o acompanhamento alimentar, a medicina interna (ortomolecular) que vai buscar entender de que forma há desequilíbrio em substâncias no organismo do paciente que potencializam o transtorno,  dentre outras.
C24H - Impressionante como existem vários recursos para o tratamento de crianças e adolescentes com TDAH. Mas, acima a senhora menciona alguns que nos chama atenção, como por exemplo, a arteterapia, fisioterapia funcional e medicina ortomolecular.  Fale um pouco sobre estas técnicas.
Andressa - Bom, na verdade, todas são técnicas que trabalhadas de forma isolada, ou ainda trabalhada de forma indiscriminada, não garantem resultados satisfatórios. Como te falei anteriormente, é um trabalho, que para ser de excelência tem que ser multidisciplinar.
IMG-20150401-WA0008 (1)Mas, vamos lá, falando da arteterapia, esta é um instrumento muito eficaz no tratamento, pois através da arte, estímulos são dados ao indivíduo que atuam na criatividade, capacidade de concentração, além de desenvolver habilidades que por vezes não se manifestam em situações comuns.  É muito importante valorizar o que os pacientes com TDAH fazem de melhor e o que gostam de fazer, pois quando gostam, se interessam, geralmente eles fazem muito bem.  Por isso, a arteterapia é fundamental, porque ela vai identificar no paciente estas habilidades e utilizá-las como aliadas ao tratamento.
A fisioterapia funcional, principalmente o pilates e outras técnicas que podem ser trabalhadas em salas de recursos auxiliam muito no tratamento, pois são atividades que atuam nas habilidades psicomotoras do paciente que geralmente são afetadas pelo transtorno, além de atuar diretamente no equilíbrio e concentração que são grandes problemas de crianças portadoras do TDAH.  Há muitos resultados surpreendentes de pacientes que fazem este tipo de acompanhamento, pois a própria atividade ativa a produção de dopamina e noroadrenalina através dos estímulos utilizados, e por muitas vezes, ajudam na redução ou até mesmo exclusão de procedimentos medicamentosos.
Em relação à medicina ortomolecular, esta tem trazido contribuições surpreendentes no acompanhamento multidisciplinar de portadores de TDAH.  A medicina ortomolecular busca entender, quais são as reais deficiências do organismo e repor, através de intervenção medicamentosa natural, estes componentes que por algumas razões estão ausentes ou hipossuficientes.  Estas reposições também ocorrem através de orientação alimentar, feita pelo próprio profissional, além de mudança de hábitos diários que auxiliam muito no tratamento.
C24H - Quanto tempo dura, em média, um tratamento com crianças que possuem TDAH?
Andressa - Não há como precisar um tempo, mas posso dizer que não é um tratamento rápido, pois, como falei anteriormente, só o diagnóstico, leva em média, de três a seis meses.  Fica um alerta aos pais: ao buscarem ajuda profissional, nunca aceitem em uma primeira consulta a certeza de um diagnóstico, pois é muito provável que possa haver precipitação e consequentemente erro no tratamento.
Mas, voltando à questão, após diagnosticada, há um longo caminho a seguir, é preciso iniciar as terapias, de acordo com o plano de ação elaborado pelo profissional de acompanhamento, em paralelo com toda equipe envolvida.  Existem crianças que respondem de forma rápida ao tratamento, outras já levam mais tempo.  Mas o que posso dizer, é que o foco da equipe de acompanhamento multidisciplinar, orientada pelo psicopedagogo ou neuropsicopedagogo deve ser a condução do paciente a sua autonomia, ou seja, fazer com que ele, por si só, após algum tempo, consiga conviver normalmente com o transtorno.
C24H – E esse tratamento, tem um fim em si mesmo?
Andressa - Geralmente sim.  Existe um código de ética que deve ser seguido pelos profissionais.  Além disso, como falei em reportagens anteriores, o diagnóstico feito o quão precoce a idade do paciente, mais eficaz o tratamento.  Desta forma, os profissionais devem entender que a obrigação da equipe é desenvolver a capacidade no indivíduo de ter autonomia, pois geralmente, como o transtorno é diagnosticado na infância, a criança ainda é dependente, frequenta a escola, tem pessoas ao seu redor para auxiliá-la, mas e amanhã? Quando tiverem que enfrentar um mercado de trabalho, onde não haverá este trabalho diferenciado, pois o transtorno não é uma deficiência propriamente, e sim uma personalidade diferenciada que o indivíduo possui..
20150403_094001Por isso, ressalto a importância do diagnóstico correto e do tratamento adequado, para que, na idade adulta, estes pacientes tenham uma vida completamente normal, sem a necessidade do acompanhamento direcionado.
C24H - Para finalizarmos esta série de reportagens que muito contribuíram para famílias que vivem esta realidade de crianças com TDAH, gostaríamos que a Sra deixasse uma mensagem, assim como os contatos para que os interessados pudessem procurar ajuda.
Andressa - O que deixo como mensagem é que o amor é a senha do sucesso.  Portanto, pais, familiares, profissionais educadores, profissionais da saúde, que são atuantes diretos na questão do TDAH, é preciso que o que façamos, não importa a circunstância, condição ou diplomação, que façamos com amor.
Por isso, pais, amem incondicionalmente seus filhos independente de serem TDAH, é apenas algo ínfimo comparado ao amor materno e paterno.
Profissionais educadores, façam do amor o principal condutor de suas ações, olhem a todos como se fossem únicos, especiais em si mesmos, tenham todos os seus educandos, sejam eles especiais, TDAH, ou simplesmente normais, como presentes que engrandecem os seus dias.
Profissionais da saúde e áreas afins, busquem na ética a melhor conduta, suplantem a pressa, o imediatismo, pela precisão, atuem pondo a frente todos os conhecimentos adquiridos na academia, diagnostiquem com a experiência e mediquem com amor.
Bom, esta é a mensagem que deixo a todos, e informo que estaremos em próximas matérias discutindo outros assuntos como: AUTISMO, TRANSTORNO BI POLAR, BULLING, DROGAS NA ADOLESCÊNCIA E OUTROS.
FONTE:Campos24horas

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